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  • Foto do escritorKauana Mahara

Já compartilhou fake news, sim ou com certeza?

Muito utilizado pelo presidente Trump (EUA) e pelo candidato à presidência do Brasil Jair Bolsonaro, a famosa fake news caiu na boca do povão e até a imprensa brasileira anda assanhadíssima com o tema. Por isso, vamos aproveitar essa brasa para assar a nossa sardinha.


Somente neste ano cerca de 12 milhões de pessoas que difundiram notícias falsas sobre política aqui no BRHUE, você sabia? É isso mesmo. Esses dados foram publicados pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) que acompanhou, diariamente, as postagens e respectivas repercussões de, aproximadamente, 500 páginas do Facebook e mais 100 sites de notícias.


A probabilidade de mentiras se espalharem mais rápido do que a verdade é de 70%. Esse foi o resultado de um estudo publicado na Revista Science e realizado por pesquisadores do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), EUA. “Nós investigamos a difusão de todas as notícias verdadeiras e falsas distribuídas no Twitter de 2006 a 2017. Os dados compreendem 126.000 histórias tweetadas por 3 milhões de pessoas mais de 4,5 milhões de vezes".

A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) avaliou 52 empresas nacionais e internacionais e descobriu que o assunto preocupa 85% das empresas. O levantamento, feito entre 27 de fevereiro e 4 de abril de 2018, mostrou que os principais receios das organizações são danos à reputação da marca (91% dos entrevistados), prejuízos à imagem da empresa (77%), perdas econômico-financeiras (40%) e credibilidade da companhia (40%). 


COMPARTILHANDO DESINFORMAÇÃO

As fakes news são criadas, na maioria das vezes, para a obtenção de lucro - quanto mais visualizações e mais cliques houverem em um site, maiores serão seus ganhos. É uma estratégia de convencimento bem estruturada e potente que é amplamente difundida em todas as categorias da informação.

Mas, para além dos lucros, as notícias falsas já causaram prejuízos, irreparáveis, em vários segmentos:

SEGURANÇA, 2014: No Guarujá, Brasil, a dona de casa, Fabiane Maria de Jesus, morreu ao ser espancada por dezenas de moradores do município após ter sido confundida com uma sequestradora de crianças para praticar rituais de magia negra. Isso aconteceu em virtude da disseminação de um suposto retrato falado.

SAÚDE, 2018: O boato errôneo contra a vacina tríplice (caxumba, sarampo e rubéola) impactou na erradicação do sarampo, do qual o Brasil era - até então - considerado livre, a doença voltou a acometer crianças.


MÍDIA SOCIAL, 2018. O Facebook derrubou 196 páginas e 87 perfis considerados inapropriados sem mencionar diretamente o tema fake news.Esse fato se tornou polêmico porque cerca de quatro contas de “filias” do Movimento Brasil Livre (MBL) foram derrubadas pelo Facebook. Veja lista completa.

ELEIÇÕES, 2018 (BR): Somente no primeiro final de semana do primeiro turno das eleições as fake news acumularam mais de 1,17 milhão de compartilhamentos no Facebook. Os boatos que tiveram maior tração nas redes foram aqueles relacionados a relatos de fraudes nas urnas eletrônicas, acumulando ao menos 844,3 mil compartilhamentos.

O levantamento do site Aos Fatos mostrou quais foram as principais fakes somente no primeiro turno das eleições brasileiras de 2018. 1) Urna está programada para autocompletar voto em Fernando Haddad (732,1 mil compartilhamentos); 2) PF apreende van com 152 urnas eletrônicas, dessas 121 estavam preenchidas com votos para o Haddad (60 mil compartilhamentos); 3) Nunca precisou da Lei Rouanet. É o artista brasileiro mais conhecido em Hollywood. Taí a diferença (57 mil compartilhamentos).    

SITES, 2018:  A Universidade de São Paulo (USP), mapeou e publicou uma lista com 17 sites anônimos, sendo eles: Ceticismo Político, Click Política, Correio do Poder, Crítica Política, Diário do Brasil, Folha do Povo, Folha Política, Gazeta Social, Implicante, JornaLivre, PassaPalavra, Pensa Brasil, Política na Rede, Rádio Vox, Rede de Informações Anarquista e Revolta Brasil. 


RAÍZES DO FAKE NEWS, ROBÔS OU MÁ FÉ?



Para a Gartner (empresa de pesquisa de mercado), até 2022 a maioria das pessoas consumirá, através das mídias sociais, mais informações falsas do que verdadeiras e isto deverá criar mais de 2.3 milhões de empregos.

Para o sucesso dessa previsão, basicamente dois pontos devem ser considerados:

ROBÔS: Disseminam links nas redes e quanto mais o assunto é mencionado mais o robô engaja, as informações são disparadas a cada dois segundos. Boa parte das notícias falsas são operadas na chamada deep web (rede não indexada pelos mecanismos de buscas e oculta ao grande público). Além disso, muitos bots utilizam sofisticadas técnicas de Inteligência Artificial (IA), e passam facilmente pela medição do teste de Turing, dificultando ainda mais a distinção entre eles e os humanos.  

MÁ FÉ: Para David Lazer, cientista social computacional da Universidade Northeastern, em Boston, que co-escreveu uma sobre a política, perspectiva sobre a ciência da notícia falsa, ressalta:

“O problema das notícias falsas é tanto por sua escala automatizada quanto por nossas próprias tendências em compartilhar desinformação”.

Essa premissa, se deve a nossa propensão ao imediatismo e da necessidade de compartilhar informações rápidas e constantes sem antes observar, analisar e validar os detalhes e as informações do conteúdo. Portanto, o meio digital se tornou o ambiente ideal para propagação das fake news.

ESFORÇOS BRASILEIROS

Com o apoio do Facebook que, em suas palavras “está empenhado em construir uma comunidade mais informada”, dois projetos de news literacy foram desenvolvidos no Brasil o Vaza, Falsiane! e o Fatima.


Vaza, Falsiane! É um curso online elaborado por três jornalistas. São oito módulos GRATUITOS e, após o término do curso, você recebe até certificado.


FATIMA . O bot Fátima – que vem de “FactMa”, abreviação de “FactMachine” – é uma plataforma de checagem dos fatos, e está presente no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp. Assim os consumidores verificam se o conteúdo online é confiável. 



Existem outras plataformas bem legais também como, por exemplo, o COMPROVA - um projeto que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e falsas durante a campanha presidencial de 2018.


CNJ: O Conselho Nacional de Justiça o Projeto de Lei n. 6.812/2017, da Câmara dos Deputados, quer tornar crime a divulgação ou compartilhamento de informação falsa ou incompleta. Embora apresentado em fevereiro de 2017 o PL ainda aguarda parecer da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI).


TSE: O Tribunal Superior Eleitoral lançou uma página para esclarecer eleitores acerca das informações falsas. Nesta semana, 22/10, integrantes do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições se reuniram com representantes de agências de checagem de informação (fact-checking) para elaborar novas medidas de combate a desinformação.


QUESTIONE! VALIDE A INFORMAÇÃO

As fakes news só funcionam tão expressivamente porque outrora não aprendemos a valorizar as lições de casa e, por isso, não possuímos bagagem cognitiva para fazemos associações e analises criteriosas.

Compartilhamos informações sem antes checarmos os fatos por pressuposto, crença ou até mesmo partidarismo e, consequentemente, temos causado um desserviço à humanidade. Deliberadamente, destruímos a crença e a própria adesão da verdade.


Os meios de comunicação fidedignos e que possuem boa índole, que fazem um trabalho sério e com alto grau de credibilidade, caíram em desuso mas, ainda buscam sobreviver às margens dessa bestialidade universal e é preciso buscá-los.

Enobreça-se! Seja autocrítico! Não deixe que o excesso de informação/boatos seja uma ferramenta útil de convencimento. Lembre-se que tão grave quanto publicar um notícia falsa é republicá-la.

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